DJ Wagner J. Pereira – Experiência na noite
Cultura musical, conhecimento técnico da arte e ciência DJ e de tecnologia
De apaixonado por música, “empresário” da noite e simples “discotecário”, tocador de vinil e K7, à DJ especializado em treinamento, analista e crítico.
Filho adotivo de casal proprietários de casas noturnas da década de 1960 até final de 1980, dos minha infância (3 anos) a adolescência, fui criado neste meio, acompanhando todos os bastidores da “vida / diversão noturna”. Parte, influenciado por meu pai e parte pelo ambiente que vivia, onde sempre ouvia muita música, adorava dançar e queria ser cantor. Em meados da década de 70 meus pais inauguram a maior casa noturna da região, com o nome de Big House, que mais tarde passou a chamar Boate Casarão. Alguns anos depois devido a diversos fatores tais como, repressões militares mais intensas, erros estratégicos comerciais, exageros / excessos pessoais cometidos por meu pai, corrupção de um determinado policial(Cabo) militar da época, juntamente com uma justiça cega (literalmente) e ineficiente, meus pais começaram a decair economicamente. Algum tempo depois meu pai faleceu e minha mãe sem a experiência dele, assumiu o que restava. Durante o dia eu preparava fitas K7 e organizava os vinis com a programação da noite, (já que eu era menor de idade e nem minha mãe, nem os garçons conheciam como eu o repertório e vinis do meu pai, que era quem discotecava), para que minha mãe ou os garçons as colocassem. Em meados dos anos 80, ainda menor de idade, assumi a única casa que restava, também já com dificuldades financeiras. Com isso, assumi definitivamente a programação musical, que era o que mais me dava prazer. No início da década de 1980 me apaixonei com os teclados eletrônicos (sintetizadores), ao conhecer tardiamente a música do gênio dos teclados e para mim, da computer music, Jean Michel Jarre. A paixão se tornou ainda maior ao curtir algumas bandas onde os sintetizadores eram bastante utilizados.
Com isso, queria me tornar um tecladista, porém minha mãe se opôs. Então comprei meu primeiro computador, pensando em aprender música com ele. Acabei aprendendo mais programação, informática e tecnologia geral do que música (tecnicamente). Ainda levando a casa noturna com muita dificuldade, fui convidado no final da década para trabalhar no Rio de Janeiro como especialista de informática e programador. No Rio de Janeiro passei a frequentar casas noturnas, agora como cliente. A casa que frequentava assiduamente era a Babilônia no Leblon que mais tarde passou a se chamar Gipsy, e a Columbus em Copacabana. A Babilônia / Gipsy tocava dance com mais cara do Rio de Janeiro, já a Columbus mais estilo São Paulo. Quase sempre iniciava minha noite na Babilônia e terminava na Columbus. Também frequentei casas como Vogue, Mikonos, Papillon, entre outras. Observando a noite “carioca”, tomei a decisão de fazer um curso de DJs para introduzir técnica de mixagem ao conhecimento e cultura musical que tinha adquirido desde pequeno e principalmente de quando fui discotecário na própria casa noturna. Infelizmente, achei o curso fraco e resolvi algum tempo mais tarde fazer outros cursos. Foi quando percebi que o melhor tinha sido justamente o primeiro, pois mesmo o professor não tendo um método de ensino e técnica didática, ele tinha boa vontade. Os outros eram apenas fábrica de dinheiro e não se empenhavam em ter qualidade ou pelo menos boa vontade para ensinar. Mesmo sendo cursos de baixa eficiência, fui um dos poucos alunos que aprendeu alguma, principalmente no primeiro, como já disse, devido a boa vontade do instrutor. No primeiro curso conheci outros alunos, nos tornamos amigos, e um deles se tornou um dos meus poucos verdadeiros grandes amigos(Cláudio Boaventura). No período do curso, Boaventura como era conhecido, adquiriu um equipamento básico e usado, mais tarde investiu em um melhor, duas Technics SL1200 MK2 novas. Ele sempre me convidava para treinar com ele e muitas vezes me emprestava todo seu equipamento para que pudesse treinar em casa. Por estar acanhado e não ficar totalmente a vontade, o que acabava me limitando no inicio, me recusava. Algum tempo depois, adquiri meu primeiro equipamento, CD Players profissionais para DJs, para servir de laboratório. Comecei a promover testes e ampliar meus conhecimentos e habilidades técnicas. Continuei a ampliar meu laboratório e acabei me especializando em ministrar cursos, pois já tinha toda uma didática de ensino por já ministrar aulas de informática e saber a diferença entre saber fazer e saber ensinar. Hoje continuo como pesquisador da ciência e arte de ser DJ. Todo meu atual condicionamento, set/repertório, material, técnica e habilidades como DJ, são direcionados para ministrar cursos, palestras, escrever, analisar e julgar (veja mais em instrutor). Aprendi muito, desde pequeno, na prática, com erros e acertos tanto dos meus pais, empresários da noite quanto os meus próprios. Somando tudo que aprendi ao que observei e analisei como cliente, construí uma excelente base que me permite compreender facilmente o mercado comercial da “vida noturna” com visão comercial publicitária e técnica. Quanto ao meu conhecimento cultural, foi adquirido basicamente de forma natural no dia a dia desde o final de 70 e a técnica através de muita dedicação investimento em estudos investigativos, pesquisas e análises, durante anos.