O DJ em sua essência original, a relação com a música e o “controle” / manipulação de público
O DJ em sua fórmula / essência original normalmente é uma pessoa apaixonada por música, que tem uma grande coleção, um patrimônio, do qual tem muito ciúmes. O verdadeiro DJ normalmente gosta de vários ritmos e estilos musicais, alguns muito distintos. Muitos gostam inclusive de músicas, gêneros, ritmos e ou estilos que não trabalham / tocam como DJ. E isso lhes rendeu, em muitos casos de forma inconsciente / natural, grande conhecimento quanto a sonoridade e estrutura que reflete diretamente em suas habilidades mentais e sensoriais, principalmente auditivas.
Em um passado não tão distante, muitas pessoas se tornaram subconscientemente, de forma não objetivada, não intencional e ou informalmente, colecionadores, “estudiosos” e “analistas” musicais, e da mesma forma se tornaram críticos, ou seja, de forma natural. Sem intenção, adquiriram a habilidade de analisar músicas e se tornaram informalmente críticos musicais e consequentemente verdadeiros DJs, mesmo sem dominar as técnicas de mixagem. Alguns, com o conhecimento cultural e “técnico” adquirido, administravam seu “repertório” e ministravam as músicas de sua coleção em boates, clubes, rádios e festas temáticas, e hoje, em raves, grandes festas / eventos direcionados a um público adepto da música eletrônica / dance music, normalmente mais instrumental, sem letra e sem melodia.
Hoje através de treinamento adequado, bem dirigido e monitorado, é possível se tornar um DJ bom de verdade, dentro de seu molde original, um verdadeiro analista e crítico musical, de forma intencional, muito mais rápido do que há anos.
Antes de “existirem” as técnicas de mixagem mais elaboradas atuais, e habilidade de se promover as transições entre músicas levando-se em consideração a estrutura, sonoridade, harmonia e estética, a grande habilidade dos DJs era a de ler o comportamento do público e escolher a música certa / adequada para o momento / situação / “cenário” que se apresentava e ou de acordo com as necessidades / objetivos próprios ou do evento. Hoje somente alguns pouquíssimos DJs realmente habilidosos, técnica e profissionalmente maduros, sabem também ler, analisar e interpretar o comportamento do público / evento quanto ao teor de animação em relação a música e trabalhá-los de acordo com os fatores citados.
Infelizmente hoje, a grande maioria dos que atuam como DJs, inclusive muitos dos renomados e veteranos que relaxaram ou nunca se dedicaram de verdade, se preocupam apenas em fazer mixagens estilizadas com equipamentos, tecnologias, facilidades tecnológicas, números e gráficos, e se esquecem do resto, principalmente do que é realmente importante, que é saber ler, interpretar e “manipular” o evento / público através da música. Com isso, muitos eventos são sem “temperos”, apesar de muitos dos que formam o público dizerem que foi bom. Dizem isso porque provavelmente nunca viram / ouviram verdadeiros DJs tocando, pois hoje, além de serem poucos, estão quase em extinção.
Os verdadeiros DJs, em sua essência original, trabalhavam, combinavam e contrastavam, vários ritmos e estilos musicais; na pior das hipóteses, vários ou todos os estilos / variantes / vertentes de um único ritmo.
Hoje normalmente devido aos falsos conceitos, falta de habilidade, falta de cultura musical, por preconceitos bobos; por provavelmente ser extremamente mais fácil de se trabalhar e ou outros fatores, a maioria dos que atuam como DJs se limitam ouvem, trabalham / tocam uma única vertente / estilo, de um único ritmo. Hoje são poucos os DJs que têm conhecimento, habilidade, maturidade técnica e profissional; dominam a música de ouvido e têm capacidade para manipular, combinar e contrastar músicas de diferentes estilos, ritmos e até gêneros quanto a mixagem e ao comportamento de público.
De qualquer forma, para concluir, podemos dizer que os DJs em sua essência original são viciados em música, estudiosos musicais e especialistas em manipular eventos / públicos através da música.
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