A insensata obrigatoriedade de cursos – e longos – da arte e ciência DJ

Artigo independente porém complementar ao artigo A aviação e a arte e ciência dos DJs, sobre a comparação quanto ao aprendizado e desenvolvimento de habilidades.

No caso da arte DJ, curso não deveria ser obrigatório, muito menos com carga horária exorbitante, mas sim opcional por se tratar de uma atividade artística que não oferece riscos, como o caso da aviação. Porém para organizar e controlar a qualidade do mercado, a avaliação e certificação deveria ser feita por uma bancada através de um órgão certificado pelo governo, a exemplo da aviação e outras atividades. Quanto a cursos com cargas horárias longas, são desnecessários pois menos de 10% é desenvolvimento de habilidades específicas que requer aulas presenciais práticas monitoradas e dirigidas adequadamente para ter excelente aproveitamento e desempenho na moldagem e ou aperfeiçoamento dessas habilidades.
Mais de 90% do aprendizado da arte e ciência DJ é conhecimento teórico que assim como na aviação pode ser aprendido através de livros, apostilas, vídeos e outros materiais. A maioria das pessoas têm falsos conceitos quanto a teoria e prática. Para não ser mais uma dessas pessoas leia os artigos “A importância do estudo de materiais técnicos, como apostilas e livros”. Se o curso for bem elaborado, distribuído, objetivo, realmente muito bom, eficiente; se o material didático com informações complementares tiver um conteúdo objetivo, de qualidade e o estudo for bem feito por parte dos alunos, a grande maioria destes não necessita nem de 50 horas de curso presencial e um estágio de 10hrs será mais do que suficiente para transformar os verdadeiramente dedicados em super DJs. Veja o artigo “Carga horária de cursos de DJs muito pequena ou muito acima das necessidades”.
E quanto a curso da atividade de produção musical, tendo em vista que não há nenhuma habilidade que necessite de monitoramento e direcionamento presencial para se desenvolver, cursos a distância e ou em vídeo e apostilas são muito eficientes, como pode ver nos artigos “Os meios, recursos e fontes de conhecimentos teóricos e práticos e a importância de cada um” e “Recursos, meios e ferramentas de aprendizado e treinamento que maximizam o potencial”. No caso de curso de produção musical, após a compreensão da estrutura musical a carga horária varia basicamente de acordo com as ferramentas que deseja estudar / se especializar. Para melhor aproveitamento do curso de produção musical o ideal é que seja feito após o domínio técnico da arte e ciência DJ. Com isso, grande parte dos conhecimentos e habilidades serão herdados facilitando em muito a compreensão e aprendizado da produção musical. Fazendo o inverso, ou seja, primeiro o curso de produção depois o curso de DJ, a eficiência cai significativamente, especialmente quanto ao desenvolvimento de habilidades específicas essenciais da verdadeira arte e ciência DJ.
Com um instrutor realmente bom na arte de ensinar e bom material didático complementar, após dominar a arte e ciência DJ adequadamente, 60 horas de curso são suficiente para tornar pessoas dedicadas, com nível normal de inteligência (QI), que realmente curtem muito música tecnicamente, em excelentes produtores musicais. Ser um excelente produtor tecnicamente é relativamente fácil de aprender e de ensinar em curso – basta ensinar / aprender a dominar as ferramentas e recursos; já artísticamente, é possível ensinar, mas um pouco mais difícil pois grande parte depende da cultura musical, dedicação e especialmente da criatividade de cada aluno.
A obrigatoriedade de cursos longos a nível técnico ou superior veio visando regulamentar a atividade e para “combater a prostituição comercial, aventureiros oportunistas”, porém este conceito não é uma forma inteligente e adequada em muitos tipos de atividades para combater a prostituição comercial. Pelo contrário. Como mostro em vários outros materiais por vários ângulos, este tipo de ação só irá diminuir a qualidade da arte e ciência DJ e de produção musical como ocorreu e ocorre em outras atividades. Existem formas mais eficientes e justas de se minimizar a prostituição comercial, os aventureiros oportunistas.
Alguns conceitos insensatos, sem lógica, gerados, divulgados, especulados por envolvidos no projeto de lei para reconhecimento e regulamentação da atividade DJ, limitam autodidatas bons de verdade com talentos naturais e grandes chances de sucesso que não necessitam e ou não podem fazer cursos caros e longos. Alguns destes conceitos facilitam a criação ou alimentam preconceitos técnicos e profissionais.
Em contrapartida os mesmos conceitos facilitam, favorecem pessoas sem talento mas que têm condições financeiras para fazer cursos caros, renomados (não necessariamente bons), a comprar estágio e sua entrada no mercado utilizando moedas de troca não ortodoxas, politicagens, troca de favores, publicidades enganosas entre outras; e com isso estarão facilmente no mercado, mesmo não sendo tão bons, não lapidando adequadamente as habilidades e talento. Isso é fato, prática que já ocorre há bastante tempo em várias atividades, inclusive de DJ e de produção musical (nestas, só ficará ainda mais comum).
Tudo é uma questão de bom senso e raciocínio lógico, e contra fatos, não há argumentos.